25 de janeiro: a Bossa Nova é nossa 25/01/2023 - 10:13

Thobias de Santana

Na década de 1950, também conhecida como “anos dourados”, era muito comum o uso do termo “Bossa”, substituindo os vocábulos “jeito”, modo, forma… Por exemplo, um menino diria: “Mãe, esse feijão está com um sabor muito bom, diferente!”, e a mãe responderia: “sim, fiz uma bossa difere nte, uma feijoada cheia de bossa.” Noel Rosa, no samba “São Coisas Nossas”, lançado na década de 1930, afirmou que “o samba, a prontidão e outras bossas, são nossas coisas, são coisas nossas”. Nada mais natural então que um tipo de música original, em que jovens inspirados por novas formas de tocar violão e piano - e com muita coisa para dizer de um jeito diferente - fosse batizada de “Bossa Nova”.

Quem inventou e consolidou o gênero? Certamente um monte de gente boa, inspirada por uma fase rica da vida brasileira, acabou deixando um pedacinho de contribuição, dentre eles, Johnny Alf, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto, Alaíde Costa, Carlos Lyra, Nara Leão, Roberto Menescal, Elizeth Cardoso, Ronaldo Bôscoli, Tito Madi, Baden, Toquinho, Marcos e Paulo Sérgio Valle. Mas o acorde inicial, que acordou geral uma geração foi Elizeth Cardoso em 1958 interpretando “Chega de Saudade”, música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, com João Gilberto ao violão. No ano seguinte, o próprio João Gilberto gravaria "Chega de Saudade", e outras pérolas, no seu primeiro álbum homônimo. Era o início de uma revolução.

Caetano, Gil, Chico Buarque, Edu Lobo, Gal Costa, Roberto Carlos, entre tantos outros foram impactados pelo brilho da novidade. Muitos deles, que aprendiam acordeão, adotaram o violão como porta-voz e aderiram ao movimento musical. A Bossa Nova não coube no Brasil, precisava de mais espaço e foi para o mundo todo. Frank Sinatra, Andy Williams, Sammy Davis Jr. e Nat King Cole são alguns dos astros não brasileiros que se encantaram com o gênero e gravaram "Garota de Ipanema". Aliás, “Garota de Ipanema” é a música brasileira mais gravada de todos os tempos. Segundo o ECAD são 436 gravações até 2022 e, certamente, a canção está entre as mais vendidas, executadas e conhecidas no mundo. Isso não é pouco num mundo tão rico em ritmos, gêneros e tradições. Para atingir números assim, tem que ser bom, tem que ter qualidade, tem que ter muita Bossa.