Daniel Palma*

A animação cearense “Todo Mundo Já Foi pra Marte” encerrou na última quarta (08) a 11ª edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba, deixando as salas Luz e Ritz do Cine Passeio lotadas. Realizado por 37 animadores, o filme fala sobre a ferida que a pandemia abriu na vida de todos nós.

Por meio de diversas técnicas de animação como rotoscopia, stop motion e o tradicional 2D, o diretor Telmo Carvalho e os animadores que colaboraram no filme relatam a espiral de sentimentos que a chegada do coronavírus e o isolamento social trouxeram, como a ansiedade do presente e do futuro próximo, o medo do desconhecido e a tristeza por vidas e sonhos interrompidos. Esta mistura de estilos de animação ajuda na percepção de que, mesmo sendo pessoas diferentes, muitos de nós sofremos de diversas maneiras a mesma dor durante a pandemia.

Apoiado pela Lei Aldir Blanc, o filme foi produzido inteiramente em home office. A distância física entre os envolvidos no projeto reforça a premissa de todos estarem em “planetas” diferentes. Nas redes sociais, o diretor Telmo Carvalho explicou que a ideia para o título veio de uma frase de sua filha: “Todo mundo já foi pra Marte e esqueceram a gente aqui.”

O cantor David Bowie possivelmente não imaginava o quão atual seria hoje a questão que ele levantou há quase cinquenta anos: “Existe vida em Marte?” Com uma forte carga imagética, o filme de Telmo Carvalho nos ajuda nessa resposta e nos faz entender melhor o momento que ainda enfrentamos, mostrando que, seja no planeta vermelho ou aqui mesmo na Terra, estamos juntos nessa jornada espacial.

O Festival Olhar de Cinema termina nesta quinta-feira (9). Veja aqui os filmes premiados desta edição.

*Estagiário sob supervisão de Cristiano Castilho