ChatGPT promete mudar mercado de trabalho e rotina de estudos e pesquisas 28/02/2023 - 15:25

Em novembro de 2022 o lançamento da empresa OpenAI causou burburinho no mercado de tecnologia e logo passou a ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais: O ChatGPT. A versão para brasileiros entrou no ar no começo desse mês. A ferramenta de Inteligência Artificial pode ser utilizada para escrever textos, criar uma rotina diária de tarefas, agendas, modelos de documentos e até para criar códigos de programação.

Diego Willlrich, publicitário e gestor de Mídias Sociais, conta que tem ganhado mais tempo para executar atividades profissionais. “Eu, muitas vezes, uso o ChatGPT mais para me inspirar sobre um determinado assunto, para buscar informações, para ver o que ele vai trazer sobre aquele assunto para poder escrever em cima disso. Muitas vezes eu acabo pedindo para ele escrever de uma outra forma. Por exemplo, se eu tenho um cliente que é uma escola e eu peço informações sobre essa escola, depois eu peço informações sobre, como um aluno dessa escola falaria sobre ela. Pego a maneira da linguagem específica. Ou seja, isso está me ajudando a economizar tempo. Só que mesmo assim eu ainda faço uma pesquisa geral sobre um determinado assunto, especialmente quando é um assunto novo”.

Chatboot

Mas você deve estar se perguntando como essa ferramenta funciona? Ela substitui o google? Fernanda Musardo, especialista em mídias sociais e negócios na internet, explica que o processo é muito mais fácil do que imaginamos. “É um chat com inteligência artificial capaz de estabelecer diálogo. Com isso você pode fazer perguntas de todos os tipos e ele trará resultados em formatos de textos estruturados bem explicativos, e por se tratar de um chat, como o nome mesmo já disse, você pode devolver perguntas, como num diálogo. O chat GPT tem uma função muito importante que é a forma como nós nos relacionamos com a busca, como produzimos conteúdo e também como nós aprendemos atualmente. Pense que é como se fosse uma pessoa muito inteligente com um conhecimento ilimitado. Você poderia conversar com ela a qualquer hora do dia e fazer todo tipo de pergunta que ela seria capaz de responder. Inclusive em diversos idiomas”, esclarece.

Uma das resistências que tem ganhado tem relação com o impacto que o chat pode ter no mercado de trabalho. Há quem diga que a ferramenta possa substituir a mão de obra humana. Opção que é inclusive negada pelo próprio ChatGPT quando nossa equipe de reportagem a questionou sobre o assunto. A resposta foi: “Apesar de ser uma tecnologia avançada é improvável, já que o modelo tem limitações em relação aos seres humanos, como a dificuldade em entender questões sociais e emocionais, de entender o contexto de uma conversa com informações não explícitas ou ainda em questões que precisem de contato humano como suporte e assistência na área da saúde”.

Fernanda Musardo reforça o argumento apresentado pela ferramenta de inteligência artificial e defende que é preciso repensar o papel do profissional no mercado. “Assim como na revolução industrial, pensava-se que as máquinas iriam substituir todos e na verdade profissionais precisam ficar atentos, usar a tecnologia a seu favor, dominando a ferramenta, agregando mais valor ao seu conhecimento e a sua profissão. E não podemos esquecer que inteligência artificial aprende mais e com o passar do tempo aprende melhor, porém nós não temos a humanização de ferramentas. Ética, moral e valor, cabe aos seres humanos.”

Outra área que deve ter um grande impacto é a da educação. Entre as preocupações estão a falta de desenvolvimento do senso crítico, o problema com a cópia de conteúdo e a desinformação, como respostas baseadas em informações falsas. Luciano Meira, especialista em Gameficação e mestre em psicologia cognitiva, afirma que o setor educacional precisa identificar como integrar as novas tecnologias.

“O que isso traz pra educação? Depende de como a gente encara, de como a gente concede a aprendizagem. Se a gente conceber a aprendizagem somente como acúmulo de conteúdos isso vai ser um desastre pra escola e pra universidade, porque eu posso pedir ao ChatGPT pra fazer minha redação. Mas se eu vejo a aprendizagem como a construção de diálogos como algo muito mais sofisticado e dinâmico que envolve engajamento, envolve emocionalidade, então o jogo muda completamente de figura porque eu posso usar essa tecnologia a meu favor pra, por exemplo, instigar meus estudantes a fazerem perguntas, a saber fazer perguntas, essas coisas a gente pode aprender através de um exercício do pensamento crítico, seja no ensino básico ou na universidade”, explica.

Já Francisco Tupy, mestre e doutor em Videogames na Educação e em Comunicação pela Universidade de São Paulo, a USP, acredita que a inteligência artificial pode ter um impacto positivo com a expansão das fontes de pesquisa. “Eu gosto muito de dar o exemplo, os meus professores na faculdade que tinham feito suas pós-graduações nos anos cinquenta, sessenta, mesmo setenta, o quanto eles dizem que computador, você poder digitar as bibliotecas onlines, virtuais, aceleraram o processo de se redigir uma dissertação de mestrado, uma tese. Dessa maneira a gente vai tendo esses impactos diretos no mundo acadêmico. Tal qual uma calculadora, só que em vez dela poder agilizar os cálculos ou testar os cálculos ela vai conseguir fazer isso com ideias mais complexas”

Apesar de ainda ser polêmica o consenso é de que a ferramenta pode trazer muitos benefícios. Segundo Tupy, o usuário precisa estar atento a confiabilidade das informações apresentadas. “Ela ainda permite trazer informações que não estão, e que não são cem por cento precisas, né? Ainda que a própria inteligência artificial possa dar respostas erradas de propósito pra testar o comportamento do usuário, mas tem informações que são imprecisas, então ela esbarra numa série de questões, mas isso faz parte do desenvolvimento, então é ai que está o negócio, dentre quantos acertos, quanto erros ela oferece? Quanto mais utilizada ela for, mais ela vai ser refinada.”