Com texto intrincado e digressões temporais, "O Tempo e a Sala" tem recepção morna no Festival de Curitiba 29/03/2023 - 16:47

Cristiano Castilho

     

Um grande elenco, com muitos paranaenses, um texto difícil e uma recepção morna. Assim foi a apresentação desta terça-feira (28), no Guairinha, de “O Tempo e a Sala”. Sob direção de Leandro Daniel, a peça discute tempo e memória num jogo não óbvio entre dramas pessoais e alívios cômicos pontuais.

O texto do ensaísta alemão Botho Strauss é por vezes hermético, e a tradução (literal demais?) pesou um pouco no resultado final. A cena se passa num apartamento antigo e de grandes janelas, onde vivem Julius (Rodrigo Ferrarini) e Olaf (Daniel Warren). Dois homens melancólicos que observam a cidade e, a partir dela, resgatam suas próprias memórias. É a partir disso que surge a personagem Marie Steuber (Simone Spoladore). Ela invade o espaço com suas lembranças e ações assertivas, como uma mulher moderna e destemida, embora deslocada exatamente neste tempo-espaço recém-criado.

A partir daí, devaneios, inconclusões, e uma pista de que a narrativa funciona, na verdade, ao contrário: vai do presente ao passado, num novelo de intenções, expectativas e ilusões que (não) vão se concretizando. É o tipo da experiência que nos deixa com mais perguntas do que quando lemos a sinopse. Não que isso não faça parte do teatro e não tenha sido avisado pela companhia na coletiva de imprensa no dia anterior.

Vale ressaltar, entretanto, a atuação precisa da curitibana Simone Spoladore, conhecida pelas séries “Os Maias” e “Éramos Seis” e pelo filme “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”; e também de Maureen Miranda, atriz plural, que recentemente participou do filme “Jesus Kid”, de Aly Muritiba.

“O Tempo e a Sala” tem nova apresentação nesta quarta-feira (29), às 20h30, no Guairinha.