Cuspe de "sangue" e fogos de artifício: show do Kiss em Curitiba será mais do mesmo - e isso não é ruim 27/04/2022 - 11:30

André Molina

Nesta quinta-feira (28), a banda norte-americana Kiss apresenta na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, o show da turnê de despedida (será mesmo?) "End Of The Road", após abrir a excursão brasileira em Porto Alegre. Em seguida, os mascarados vão para São Paulo e Ribeirão Preto, fechando as datas nacionais antes de aposentar as maquiagens e os saltos-plataformas após quase 50 anos de carreira.

Será a segunda vez da banda na capital paranaense. E o público não deverá ver muitas novidades em relação ao show de 2015, também realizado na Pedreira. E isso não é ruim. Quem gosta de Kiss deseja mesmo ouvir o pesado e rústico som da banda, moldado em meados da década de 1970. Desde que consolidou sua mais recente formação com os fundadores Paul Stanley (voz e guitarra) e Gene Simmons (voz e baixo), na banda desde 1973, com o baterista Eric Singer, ingresso em 1991 e que acumula no currículo passagens pelas bandas Black Sabbath e Alice Cooper, e com o caçula Tommy Thayer, desde 2002, a Kiss vem executando um repertório clássico e conservador.

A maioria das canções do setlist será da fase áurea do grupo, de 1974 a 1982, como "Detroit Rock City", "Shout It Out Loud", "God Of Thunder", "Beth" e "Do You Love Me", todas do cultuado álbum "Destroyer", de 1976. Do álbum de estreia, os maquiados devem executar "Deuce", "Cold Gin", "100,000 Years" e "Black Diamond", com o baterista Eric Singer fazendo os vocais, em substituição a Catman Peter Criss, que saiu da banda ainda no fim da década de 1970. Ainda da fase mascarada (eles estiveram um período “desmascarados” entre 1983 e 1998, aliás) o repertório deverá incluir "Calling Dr. Love", "Love Gun", a disco "I Was Made For Loving You", o hino "Rock And Roll All Nite", além de "I Love It Loud" e "War Machine", que ficaram famosas no país devido a primeira excursão brasileira do Kiss para divulgar o álbum "Creatures Of The Night", em 1983.

Da fase oitentista, sem máscaras e renegada por alguns admiradores mais tradicionais, o Kiss deverá incluir "Heavens On Fire" do álbum “Animalize”, de 1984, e "Tears Are Falling", de “Asylum” (1985). Entre as faixas mais novas, só deverão estar "Psycho Circus", de 1998, e "Say Yeah", de "Sonic Boom" (2009). Certamente a banda deverá agradar a maioria dos fãs que estará presente no show de Curitiba, com os números teatrais e as explosões com fogos de artifício, já protocolares. Paul Stanley realizará seu voo sobre o público na canção "Love Gun", Gene Simmons cuspirá sangue em "God Of Thunder", Eric Singer cantará a balada "Beth" e Thommy Thayer soltará fogo pela guitarra, no solo de apresentação.

Kiss x Secos & Molhados, a treta
Quando o assunto é Kiss no Brasil, é impossível não recordar a antiga lenda que envolve a banda norte-americana e os maquiados brasileiros da banda Secos & Molhados, de Ney Matogrosso. Uma história negada pela banda e por 99% dos fãs brasileiros do Kiss, mas que sempre é comentada quando o grupo está no país.  O início do debate começou com algumas entrevistas de Ney Matogrosso ao mencionar que o Kiss surgiu alguns meses depois do lançamento do primeiro álbumdo Secos & Molhados e com a mesma ideia artística.

"Já era um estrondo no Brasil e fomos ao México [em Março de 1974]. O sucesso lá foi tanto que ficamos mais uma semana. A Billboard tinha publicado uma foto nossa de página inteira e dois empresários americanos quiseram me levar para os Estados Unidos. Recusei a oferta: ‘Estou começando uma história no meu país e quero dar sequência a isso’”, argumentou Ney Matogrosso ao Jornal do Brasil, em 2006. "Inclusive, disseram que minha imagem era boa, mas que o som tinha que ser mais pesado. Eu não ia mudar nosso som por causa disso. Viemos embora. Uns seis meses depois começou o Kiss, com uma maquiagem como a nossa e um som mais pesado", finaliza Ney. A discussão atravessou fronteiras e os argumentos de Ney Matogrosso foram rebatidos pelo Kiss. A revista Rolling Stone publicou uma declaração do baixista da banda sobre o assunto.

"Conheço essa lenda. Já ouvimos falar dessa história. Não é verdade. Muitas pessoas acreditam nisso, mas também há muitas pessoas que acreditam em discos voadores, não?", brincou Gene Simmons.

SERVIÇO
Kiss - End Of The Road Tour
Quinta-feira (28), às 20h. Abertura dos portões às 18h
Pedreira Paulo Leminski – Rua João Gava, 970
Ingressos: uhuu.com