Em entrevista exclusiva, baterista do Charlie Brown Jr revela que ex-integrantes vão se reunir para shows 07/03/2022 - 10:48

André Molina

 

Bruno Graveto, ex-baterista do Charlie Brown Jr, esteve em Curitiba no último fim de semana para uma série de shows de tributo ao rock nacional (banda TREN) ao lado do cantor Ivan Sader, do baixista do Ultraje a Rigor, Mingau, e do produtor musical Fred Gonçalves. Em entrevista exclusiva para a rádio Paraná Educativa FM, o músico revelou que está trabalhando em novo projeto ao lado de ex-membros do Charlie Brown Jr para homenagear o cantor e compositor Chorão e, o baixista Champignon, também falecido em 2013.

 

Quais são seus novos projetos na música?

Eu formei uma banda chamada "Cali" junto com o Egypcio, que era do Tihuana. Lançamos o primeiro álbum, mas infelizmente não conseguimos trabalhar, de fato, por causa da pandemia e, agora, vamos lançá-lo e preparar o segundo álbum, que vai acabar puxando o primeiro. Em 25 de março vamos apresentá-lo em São Paulo.

A nova banda com o Egypcio do Tihuana deve ter várias influências dos grupos que vocês participaram

É uma banda nova. Um outro projeto com novas canções. Músicas diferentes mas, que ao mesmo tempo, resgatam as nossas essencias. Com certeza as pessoas vão ter as influências do Charlie Brown Jr e do Tihuana, desde o primeiro álbum, até o segundo, agora que vamos lançar em março.

 

O trabalho da reformulação do Charlie Brown Jr com os ex-integrantes para homenagear o Chorão era para ter acontecido no ano passado, mas foi suspenso por causa da pandemia

Seguramos por tudo o que aconteceu. Desejamos fazer o melhor trabalho possível. Este ano o Charlie Brown Jr completa 30 anos de existência e queremos homenagear o Chorão e, também, o Champignon. São duas pessoas que merecem reconhecimento. A reunião contará comigo, o Marcão (guitarrista), o Thiago (guitarrista) , que são os integrantes que estavam no final comigo, mais o Pinguim, que era outro baterista, então teremos duas baterias no palco , e o Heitor Gomes, que foi baixista da banda, e o Egypcio de convidado. A ideia é começar no segundo semestre do ano.

 

Os ex-integrantes do Charlie Brown Jr farão somente a homenagem ou têm algum trabalho novo, ou composições inéditas que podem chegar ao público?

Na verdade não. Queremos manter sempre a essência do Charlie Brown Jr junto com o Chorão. A música da banda com ele continua para sempre, mas não queremos dar continuidade utilizando o nome da banda sem o Chorão e com músicas novas. Temos o DNA da banda, o nome, o direito e vamos fazer desta maneira, com todos os clássicos e canções lado B, que os fãs e a turma do skate gostam. Para esse ano queremos seguir com estas músicas que fizemos com o Chorão. As novas composições ficam para os projetos paralelos que cada um tem.

 

O último álbum do Charlie Brown Jr com o Chorão em vida foi ao vivo e gravado em Curitiba no antigo Master Hall. Como foi esse registro?

O álbum chama-se "Música Popular Caiçara" e foi registrado em CD e DVD. Queríamos fazer em Santos e optamos por uma segunda cidade, que foi Curitiba. Na época foi sugerida a capital paranaense pelos shows que a banda tinha realizado, até então, aqui. Eu toquei na banda nos últimos seis anos. E em todas as vezes e, com todas as formações, as apresentações da banda tiveram uma recepção absurda. O Chorão queria dedicar uma parte deste trabalho a Curitiba, pela história da cidade com a banda.

 

Você que tocou muitos anos ao lado do Chorão, como avalia a trajetória dele na história do rock nacional? Muitas pessoas consideram o Charlie Brown Jr a última grande banda do rock nacional.

 

O próprio nome Charlie Brown Jr, quando foi definido na época, foi porque a banda se sentia a caçula nos anos 1990. Realmente foi a última banda de rock nacional que levantava a bandeira do estilo. É claro que tivemos o CPM 22 na sequência, que respeito e adoro de paixão, mas quando perdemos o Chorão sentimos que abriu um buraco no rock do país. O Chorão estava à frente do tempo. Desde as composições, pois escrevia as letras e, também, cuidava da parte empresarial. Estava à frente do mercado. Gostaria que ainda estivesse junto com a gente. Com certeza gravaríamos mais uns quatro ou cinco discos.

E como você avalia o rock nacional atual?

Hoje em dia eu vejo uma luz no fim do túnel. Se você tivesse feito esta pergunta em 2016 eu estaria mais chateado. A cena estava bem mais turbulenta. Vejo as bandas de rock nacional voltando. Até os artistas que estavam fora do país, com todos tocando ao vivo e buscando novos caminhos para as músicas que fazem. Hoje vejo uma cena com músicos querendo tocar mais, estudar mais. Isso agrega valor ao rock. Porque é um estilo que necessita de estudo, dedicação. O Rock 'N Roll exige personalidade. Agora que estamos caminhando para uma pós pandemia, vejo o Rock 'N Roll mais forte.