Enquanto leitos Covid esvaziam, demanda por leitos gerais cresce na Grande Curitiba 20/05/2022 - 14:00

À medida que a vacinação contra a Covid-19 avança, o número de pessoas com quadros graves da doença pandêmica despenca, a demanda por internação diminui e, consequentemente, aos poucos a sociedade vai se permitindo um retorno à normalidade. O uso de máscara, por exemplo, já não é mais obrigatório na maioria dos lugares no Paraná. Bares, restaurantes e casas noturnas funcionam normalmente. Diante desde panorama, as cirurgias eletivas (procedimentos não urgentes) voltaram a ser realizadas.

Esse movimento de retomada da rotina pré-pandemia, no entanto, tem refletido no sistema de saúde, fazendo a ocupação de leitos gerais disparar na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Ontem, por exemplo, nove dos 18 hospitais que atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) na Grande Curitiba estavam com suas UTIs lotadas.

Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa-PR), ontem havia 24 pacientes (23 adultos e um pediátrico) internados em UTIs da rede pública na RMC com quadros suspeitos ou confirmados de Covid. Há menos de dois meses, em 28 de março, eram 72 pacientes (todos adultos) com quadros suspeitos ou confirmados da doença pandêmica demandando cuidados intensivos.

Por outro lado, a ocupação de leitos gerais vem crescendo. Ontem, ainda conforme a Sesa-PR, eram 594 pacientes (533 adultos e 61 pediátricos) demandando cuidados intensivos na Grande Curitiba, pelos mais diversos motivos. Considerando que há 659 leitos UTI gerais disponíveis, a taxa de ocupação estava em 90,14% na Grande Curitiba. Já no final de março, o número de pacientes internados em UTIs para atendimento geral era de 475 e a taxa de ocupação, de 82,9% (havia 573 leitos disponíveis então).

Comparando os registros dos dias 28 de março e 19 de maio, portanto, verifica-se que houve queda de 66,7% no número de pessoas internadas em leitos UTI Covid, enquanto o número de pacientes em UTI para atendimento geral teve aumento de 25,05% nesse mesmo período.

Essa diferença fica ainda mais gritante se voltarmos um pouco mais no tempo. No auge da pandemia, em junho de 2021, o número de pacientes possivelmente contaminados pelo novo coronavírus demandando cuidados intensivos chegou a ser de 1.931 na RMC, no dia 14. Nessa mesma data, 298 pacientes ocupavam leitos gerais (UTI) em todo o estado.

 

Casos de trauma, SRAG e cirurgias eletivas pressionam o sistema

No final de abril a situação dos leitos SUS gerais já havia virado notícia após fila de ambulâncias com pacientes à espera de atendimento ter sido registrada no Hospital do Trabalhador. Ontem, seriam nove hospitais na região com problemas semelhantes, com alta ocupação.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Paraná, a alta demanda por hospitalização é um reflexo do aumento nas ocorrências de traumas, que sempre ocuparam grande parte dos leitos em todo o Estado.

Outro ponto são as cirurgias eletivas, que foram retomadas e parte das unidades de terapia intensiva foram destinadas para essa finalidade
“Além disso, a queda de temperatura e principalmente a chegada do inverno sempre aumentam os casos de SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave]”, destacou ainda, por meio de nota, a Secretaria. “Por este motivo a Sesa recomenda que a população se vacine contra a Covid-19 e contra a gripe, prevenindo a infecção por essas doenças.”

Nesta semana a secretaria enviou mais 86.668 imunizantes para as 22 Regionais de Saúde. A maior parte da remessa era destinada para a dose de reforço, além de contemplar doses pediátricas, primeira e segunda doses contra a Covid-19. As doses foram da Pfizer, AstraZeneca, CoronaVac e Janssen.

 

Ocupação de leitos está dentro do esperado, diz Sesa

Conforme a Sesa-PR, a ocupação de leitos gerais está dentro do esperado. Por meio de nota, a pasta ainda explicou que avalia de maneira permanente a ocupação dos leitos em todas as regiões do estado, gerenciando o acesso dos pacientes que precisam de transferência de acordo com a demanda, por meio do Complexo Regulador e dos critérios de prioridade e gravidade de cada caso.

“O Paraná possui uma Central de Regulação de Leitos e uma ampla rede hospitalar onde são concentrados os pedidos de transferências de pacientes entre os serviços de saúde. Este remanejamento de pacientes é comum e pode ocorrer dentro das Macrorregiões ou entre as Macros, de acordo com a disponibilidade de leitos e visando um melhor e pronto atendimento ao paciente. Quando não há vagas em um hospital, a Central de Regulação de Leitos realiza uma busca por disponibilidade em outro local”, explicou a Sesa-PR.

 

Tecnologia na saúde

Tecpar lança editial para nacionalizar produção da vacina meningocócica

O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) lançou na quarta-feira o edital de chamamento público em busca de parcerias para nacionalizar a produção da vacina meningocócica ACWY, que é usada na prevenção da doença meningocócica. Hoje há na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quatro registros da vacina, que é importada pelo Ministério da Saúde para atender o Plano Nacional de Imunizações (PNI).

Como a vacina é importada, explica o diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, o edital busca parceiros que tenham como objetivo a sua produção no Brasil, em conjunto com o Tecpar, para atender o PNI. No Brasil, entre os anos de 2007 e 2020, foram confirmados, segundo o Ministério da Saúde, 265 mil casos da doença, sendo a meningite viral mais frequente, seguida pela bacteriana. Entre 5 e 10% dos pacientes vão a óbito, geralmente até 48 horas após o início dos sintomas.