Há 108 anos nascia Dorival Caymmi, o senhor das canções do mar 02/05/2022 - 10:30

Thobias de Santana

O período que compreende os governos do 8º presidente do Brasil, Hermes da Fonseca e do 9º, Venceslau Brás, foi muito conturbado. Houve a Revolta da Chibata, a Política das Salvações, a Guerra do Contestado, a Primeira Guerra Mundial, mas, no meio disso tudo, nascia em Salvador (BA), no dia 30 de abril de 1914, o ator, pintor, cantor e compositor poeta Dorival Caymmi.

Nascido na Rua do Bangala, viveu infância e adolescência no antigo Campo da Pólvora e na Rua Direita da Saúde, onde morava grande parte da família Caymmi e onde o poeta experimentou as primeiras impressões sobre a música. Aos 10 anos desenvolveu habilidades para a pintura, e aos 11 iniciou o seu contato com o futuro grande companheiro, o violão.

Após se destacar nas rádios de Salvador, Caymmi, aos 23 anos, foi para o Rio de Janeiro, onde alcançou sucesso cantando as suas composições nas rádios. Muitas delas com seu ponto de vista particular e poético sobre o mar e a praia, os coqueiros e as gaivotas. Logo, Caymmi seria o principal nome da Rádio Nacional. No Rio de Janeiro conheceu a cantora Stella Maris, com quem viveu durante toda a sua vida e teve três filhos, todos eles com digitais próprias gravadas na história da grande Música Brasileira: Nana, Dori e Danilo Caymmi - este, aliás, morador de Curitiba há alguns anos.

A vida de Dorival Caymmi, de tão rica, renderia filmes, séries, documentários e livros sobre sua impressionante trajetória e fantásticas conexões com tantas personalidades marcantes e projetos que alcançaram sucesso. Sua vida se entrelaçou harmoniosamente com muitas outras. Caso principalmente do escritor Jorge Amado, mas de João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Carmem Miranda, que gravou já em 1939 “O Que é Que a Baiana Tem”, para o filme “Banana da Terra”.

Compôs outras obras inesquecíveis como “Saudade da Bahia”, “Samba da Minha Terra”, “Só Louco”, “Saudade de Itapuã”, “O Mar”, “Morena do Mar”, “Marina” e outras tantas que alcançaram sucesso nacional e internacional.

A evidente influência de Dorival Caymmi na Música Popular Brasileira é imensa mas, em alguns casos, é conhecida apenas após relato dos autores, como no caso da canção “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Arrastão nasceu numa festa na casa da família Caymmi, num improviso que Edu fez quando cantavam “História de Pescadores”, no trecho conhecido como “Temporal.”

Interessante é perceber com o passar do tempo, que os homens poderosos mencionados lá no início do texto, início do século passado, "aqueles moços, pobres moços, ah! Se soubessem"... o que o Lupicínio Rodrigues também sabia, desejariam ter nascido Dorival Caymmi, e ter feito bem o bem que ele fez, pois teriam, como resultado, a chance de serem lembrados com imensa reverência. Porque é doce morrer no mar da história.