Olhar de Cinema terá mostra de filmes de David Cronenberg, de "A Mosca"; veja a seleção  08/05/2023 - 15:56

Felipe Worliczeck*

O Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba irá homenagear o cineasta David Cronenberg na edição deste ano, que acontece entre os dias 14 e 22 de junho. A mostra “Máquina de Cicatrizes: o Cinema de David Cronenberg" faz parte do “Olhar Retrospectivo”, sessão especial do festival curitibano que homenageia diretores históricos do cinema independente. 

Os filmes escolhidos vão desde curtas experimentais como “Ralo Acima” (1967) até alguns de seus maiores clássicos, caso de “Videodrome - A Síndrome do Vídeo” (1983) e “A Mosca” (1986). O critério de seleção foi escolher apenas filmes dos primeiros 25 anos da carreira de mais de seis décadas do diretor. Também estarão em exibição os longas “Calafrios” (1975), “Gêmeos: Mórbida Semelhança” (1988), Crash: Estranhos Prazeres (1996) e “eXistenZ” (1999). 

Sobre o diretor 
David Cronenberg nasceu no Canadá em 1943, e se destacou como um dos maiores nomes do horror corporal, subgênero do cinema de terror que foca em aspectos físicos humanos e engloba desde seus filmes até obras literárias do século XIX, como “Frankenstein ou o Prometeu Moderno”, de Mary Shelley.

Cronenberg estreou na direção com os curtas “Transfer” (1966) e “Ralo Acima” (1967), ambos produzidos na Universidade de Toronto. Apesar do recebimento fraco de seu longa “Calafrios” (1975) por críticos como Robert Fulford - que convidou seus leitores a assistirem o filme para verem “o quão ruim é uma obra com financiamento estatal” - Cronenberg atingiu status cult com o filme “Scanners: Sua Mente Pode Destruir” (1981), que conta a história de irmãos modificados em laboratório capazes de explodir mentes. 

Apesar da temática do horror corporal advindo de experimentos, presentes em filmes como “A Mosca” (1986), os filmes de Cronenberg muitas vezes abordam temas pertinentes à sociedade contemporânea, como a espetacularização do sofrimento em seu filme “Videodrome- A Síndrome de Vídeo” (1983). Na obra, Max Renn (James Wood) é dono de uma emissora de TV e busca aumentar seu público. Ao se deparar com o programa “Videodrome”, destinado à tortura e à violência, os limites entre realidade e simulação começam a desaparecer. 

Além da temática permanecer atual na opinião pública, o filme também é um marco nos estudos de comunicação do cinema ao usar teorias da comunicação do canadense Marshall Mcluhan, que alertava sobre os perigos dos avanços tecnológicos irrestritos.

Atualmente, Cronenberg segue fazendo obras como “Crimes do Futuro” (2022), com Kristen Stewart no elenco, e "Cosmópolis" (2012)  com Robert Pattinson. O diretor já ganhou o Prêmio Especial do Júri de Cannes pelo filme “Crash-Estranhos Prazeres” (1996), é autor de 47 filmes e pai de Brandon Cronenberg, cineasta que lançou recentemente o filme “Infinity Pool” (2023), contando com Mia Goth e Aleksandr Skarsgard no elenco.

*Estagiário, sob supervisão de Cristiano Castilho