Sessões no Jardim deste sábado (13) discute "lugares de memória" com show de Bruna Pena 10/05/2023 - 15:35

Sabe quando um lugar, um objeto, uma pessoa ou até mesmo um cheiro têm a capacidade de te transportar para uma lembrança, seja ela boa ou ruim? Coletivamente, os lugares de memória cumprem esse importante papel simbólico e histórico para uma comunidade ou sociedade. São espaços que evocam memórias coletivas, lembranças compartilhadas e representam eventos ou períodos importantes da história de um grupo.

Um lugar de memória pode ser qualquer local que seja considerado emblemático em relação a determinados acontecimentos, valores ou identidades culturais, como um museu, por exemplo. Eles ajudam a construir e preservar a lembrança histórica de uma sociedade. São espaços onde a história se materializa, se tornando capazes de transmitir conhecimento, gerar reflexão e promover o diálogo sobre o passado.

É em torno desses locais que ocorre a discussão “Lugar de Memória”, no próximo Sessões no Jardim, evento multicultural que acontece gratuitamente neste sábado (13), a partir das 14h, na Petrisserie – Cultura e Gastronomia. O debate faz parte da programação nacional da Semana Nacional de Museus 2023. A música fica por conta da premiada cantora Bruna Pena. O apoio é da Maniacs Brewing Co.

Na mesa de conversa, dois historiadores que atuam em importantes lugares de memória da cidade: um que remete ao período ditatorial brasileiro e outro ao holocausto.

Claudia Cristina Hoffmann é doutoranda em História pela Unicamp. Há dez anos atuando como historiadora do Ministério Público do Paraná, ela é colaboradora do Relatório da Comissão Estadual da Verdade e da Comissão Camponesa da Verdade. Também integra o Comitê Estadual Memória, Verdade e Justiça do Paraná.

Claudia coordena o LUME: Lugar de Memória em Curitiba, espaço dedicado aos atingidos pela ditadura militar brasileira e que evoca aos anos de repressão e resistência, incluindo dos atores ligados à advocacia, ao Ministério Público e à magistratura, mas também de pessoas da sociedade civil. Segundo ela, o direito à memória, à verdade e à justiça no Brasil ainda está em processo de construção. “Ainda falta muito por fazer para que se conheça profundamente e detalhadamente as violações dos direitos humanos dos períodos de governos autoritários”, afirma.

Michel Ehrlich é mestre em História pela UFPR e atualmente cursa doutorado na área na UFRGS. Além de trabalhar como professor de ensino fundamental, ele é coordenador de História do Museu do Holocausto de Curitiba, onde já atuou como mediador educativo. “A memória tem o poder de influenciar profundamente a sociedade. Discutir o papel da memória e das instituições de memória nos dias de hoje é vital para construir uma sociedade justa e democrática”, aponta.

A palavra como crítica social
Como ocorre tradicionalmente no Sessões no Jardim, a música dará continuidade ao evento. Desta vez, com a roteirista, diretora, cantora e compositora curitibana Bruna Pena. Ela lançou suas primeiras músicas e videoclipes em 2022 em seu projeto solo, sendo premiada em festivais como London Independent Film Awards, Mvf Brasil, Oniron New York e Prague Music Video Awards.

Como ela mesma descreve, Bruna é adepta do culto da palavra, apaixonada por gente, som e imagem. Suas melodias suaves se aproximam do pop e da mpb, beats com ruídos da vida real e uma guitarra psicodélica, acompanhadas de projeções visuais concebidas simultaneamente à composição das músicas. Um jogo entre linguagens que termina em bom humor e pinceladas de crítica social.

Relembre
O Sessões no Jardim é um projeto de autoria de Felipe Petri, chef e proprietário do Petrisserie, e de Cristiano Castilho, jornalista responsável pela curadoria e pela mediação dos encontros. Na primeira sessão, em maio de 2022, os convidados foram a cantora e compositora Aelle, o físico quântico Gabriel Guerrer e a cantora e compositora Janaina Fellini. No segundo episódio, em junho, participaram a Trupe Periferia, coletivo de teatro marginal formado por jovens poetas e músicos da periferia de Curitiba. E Marlos Soares, músico e compositor curitibano. Em julho, os convidados foram Dalmo Borba, especialista em contação de histórias; Iaskara S. Florenzano, arquiteta e urbanista autora do livro “Um Olhar Sobre o Patrimônio Industrial do Rebouças; e João Triska, músico e compositor que se inspira nas coisas do Paraná para criar seu folk rock universal. Em agosto, o papo foi sobre comida e imigração, com a cientista social Luciana de Morais e o empresário Beto Madalosso, com show de Rubia Divino. Em setembro, o ativismo e a militância na periferia estiveram em pauta. A apresentação musical ficou por conta do coletivo Imperador Sem Teto. Em outubro, discutiu-se “o fracasso da guerra às drogas”, e o show foi com a banda Vulcaniótica. Em novembro de 2022, o painel foi sobre a crise da masculinidade, com participação do crítico de cinema Paulo Camargo e de Fábio Augusto, especialista em Direito Homoafetivo e de Gênero. O show ficou por conta da cantora e pianista trans não-binária Klüber. Já em 2023, o primeiro tema foi a crise climática, com Taciana Stec, da Talanoa Políticas Climáticas, e Goura, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná e som da banda curitibana Lenhadores da Antártida. Em fevereiro, a discussão tratou de poliamor, com as pesquisadoras e viventes do tema, Maria Rita César e Francielle Lima, e mediação da jornalista Monique Portela, com show da banda Pão de Hamburguer. O último Sessões, realizado em março, teve como tema a ditadura e o silenciamento de sua memória em Curitiba, com a historiadora Stella Castanharo, e Aerin Maguian, arquiteta, artista e design, e som do cantautor curitibano Pietro. 

SERVIÇO
Sessões no Jardim – Claudia Cristina Hoffmann e Michel Ehrlich 
Show com Bruna Pena
Dia 13 de maio, sábado, a partir das 14h
Petrisserie – Cultura e Gastronomia
Rua Tenente João Gomes da Silva, 405, Mercês
Gratuito
Apoio: Maniacs Brewing Co.